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Feliz Natal ?

O Natal e o fim de ano são datas in­contornáveis. Os seus sinais inva­dem-nos e subitamente o mundo que nos rodeia fica colorido com lu­zinhas brilhantes, o Pai Natal es­preita em cada esquina e o irresistí­vel chamamento das montras leva- nos a contemplar os desejados pre­sentes. O Natal entra em nossa ca­sa através da publicidade na televi­são. Invariavelmente, a mensagem é de felicidade generalizada. Familiares, colegas de trabalho e amigos parecem apostados em ganhar a corrida das compras. As­sociado a todas estas questões es­tá implícita a alegria e o entusias­mo antecipado de quem vai ter um grande prazer em receber aquela prenda tão desejada.

Muitos de nós acabamos por asso­ciar a noção de felicidade, quem sa­be repetindo o prazer da magia dos natais da infância. São momentos mágicos, onde a harmonia fami­liar é reinventada, os brindes se sucedem e a esperança num futuro melhor é reafirmada. São dias especiais, dias em que é qua­se obrigatório estar feliz e por aí se mede a nossa sensação de integra­ção social.

Disfarçar a Tristeza. Por estar tão associada à felicidade, a qua­dra natalícia é uma altura em que a dor, o desgosto e a solidão não de­veriam estar presentes e se tornam difíceis de gerir. A ausência de al­guém muito querido é ainda mais sentida. Faltam forças para resis­tir à agitação familiar, para orga­nizar a consoada e para estarmos felizes, especialmente para com os mais novos.

A pressão de ter que correspon­der às expectativas dos outros, de disfarçar a tristeza para não estragar a festa ou de nos sentir­mos obrigados a conviver são situ­ações que apenas acrescentam so­frimento à nossa dor. Todavia, es­tas podem ser geridas com menos sofrimento.

A palavra de ordem terá que ser “protecção”, permitindo-nos não fingir gostar do insuportável e deixar que os amigos e familia­res conheçam os nossos senti­mentos. Devemos procurar as su­as opiniões, a sua ajuda sobre a me­lhor forma de lidar com estes mo­mentos, porque ignorá-los não fará a dor desaparecer mas partilhá- los poderá ajudar a suportar a so­lidão. Fazê-lo com antecedência é também importante. Partilhar o nosso estado de espírito vai per­mitiir que os outros ajustem as suas maneiras de agir, quebrando o ta­bu paralisante de não falar na per­da ou na dor a ela associada.

Direito aos sentimentos. As crianças deveria ser autorizada a liberdade de exprimir a saudade e tristeza e de questionarem os adul­tos sobre a melhor forma de lida­rem com a situação sem constran­gimentos. A sinceridade e dispo­nibilidade dos adultos são neces­sárias para que isso seja possível. Numa época em que toda a gente exibe sorrisos bem dispostos, es­tar triste é destoar. Contudo, to­dos nós podemos conquistar o di­reito aos nossos sentimentos dis­sonantes. Embora seja habitual festejar de acordo com rituais so­cialmente estabelecidos, estes podem cumprir-se de forma diferen­te, em acções que tenham signifi­cado individual, com sentido pró­prio, que integrem a dor e ajudem a curá-la.

Separação. O divórcio é outra das situações particularmente di­fíceis para viver na época natalí­cia. É necessário reorganizar a fa­mília, construir novas formas de celebrar e novos motivos de cele­bração. O círculo social transfor­ma-se, especialmente no primei­ro ano. Os amigos do outro, ou de ambos, podem já não fazer parte das relações mais próximas. As crianças continuam a esperar um Natal cheio de prendas. E o consu­mismo que nos caracteriza não é compatível com a perda de capaci­dade financeira resultante de uma separação. Boa disposição e muita criatividade precisam-se.

 

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