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Amor Platónico

O amor platónico ou o amor idealizado deve o seu nome a Platão (350 a.C.), filósofo grego que acreditava na existência de dois mundos: o das ideias, onde tudo era perfeito e eterno, e o mundo real, finito e imperfeito, cópia mal acabada do mundo ideal.

Nesse sentido, viver um amor platónico é viver em dois mundos simultaneamente: um onde estamos sozinhos e outro onde namoramos, somos felizes e realizados com a pessoa perfeita que é objeto do nosso amor.

Amor impossível. Este tipo de amor baseado no impossível envolve a mistificação do ser amado, que é geralmente colocado numa posição inatingível. Ocorre muito frequentemente durante a adolescência e em jovens adultos, principalmente em pessoas mais tímidas, introvertidas e que sentem mais dificuldade em aproximar-se de quem amam. A insegurança, imaturidade e inibição emocional estão muitas vezes na origem deste comportamento. A forte idealização do objeto amado gera o medo de não atender aos seus anseios, o que contribui para amar à distância e impede viver a experiência não só de amar mas também de nos sentirmos amados, não só de cuidarmos e nos preocuparmos mas também de nos sentirmos acolhidos e amparados. Esta troca de experiências emocionais é que permite o sentimento de que amar vale a pena, com a vantagem acrescida de poder ainda ajudar a superar conflitos e dificuldades do quotidiano.

Amar por medo. Muitas vezes as pessoas têm um amor platónico por medo de sofrer. Isto porque preferem viver um amor que nunca irá realizar-se do que lidar com os eventuais desapontamentos e tristezas inerentes à relação. Nada disto é necessariamente mau ou errado, desde que saibamos racionalmente que aquilo que julgamos ter não existe, até porque o outro desconhece totalmente os sentimentos que alguém nutre por ele.

A maioria das pessoas fantasia acerca das relações amorosas: “Um dia encontrarei o par ideal, que será capaz de me compreender, sem discussões, onde a compatibilidade será perfeita.

A magia do amor estará sempre presente e a paixão será eterna.” A realidade das relações amoro­sas, no entanto, é muito diferente. Todo o processo de namoro é uma situação tremendamente arrisca­da. Somos e sentimo-nos postos à prova, principalmente se aceitar­mos darmo-nos a conhecer tal co­mo somos, o que significa arriscar sermos amados, mas também re­jeitados. E a rejeição não é fácil de aceitar.

Uma relação amorosa é uma das melhores oportunidades de cres­cimento pessoal. E não há cres­cimento que não implique sofri­mento. Todavia, também inclui uma felicidade enorme. Tal co­mo noutras situações da nossa vi­da, aquilo que obtemos depende da vontade de lutar por essa relação, arriscando-nos a deixar o nosso “lugar seguro”. Geralmente, antes do fim do primeiro ano de relacionamento, os

elementos do casal começam a experimentar as primeiras discussões, desentendimentos e dificuldades. É normal. Resulta da necessidade de estabelecer regras de conduta na relação. A cultura familiar de cada elemento do casal permite-lhe crescer com regras, que são forçosamente diferentes do outro. Mas estas funcionam a um nível inconsciente, e muitas vezes não nos damos conta que estamos a tentar impô- las ao outro.

Herança cultural. Recordo a este propósito um casal constituído por um português e uma alemã, onde o trabalho inicial da terapia consistiu em perceber como a “importância de dormir com a roupa da cama entalada ou solta” não resultava da má vontade do outro, mas de uma herança cultural (para uma alemã, que geralmente dorme com um edredão não fazia sentido dormir presa pela roupa. Mas muitos de nós recorda como a mãe, na hora de irmos dormir, nos vinha aconchegar na cama, entalando a roupa debaixo do colchão).

Sem nos darmos conta, mantemo-nos fortemente leais à cultura e crenças da nossa família de origem e, geralmente, cada um acredita firmemente que a sua abordagem é a mais correta.

Este é um período importante na construção de uma relação. É frustrante e doloroso. Obriga- nos a fazer cedências, a olhar para o outro, não como o ser perfeito que imaginámos, mas alguém que “não nasceu ontem à espera de ser moldado pelo outro” e que tem uma história.

Arriscar e crescer. Todas as relações começam por ser platónicas. Todos os namorados começam por ser idealizados, imaculados. Mas tal como não podemos permanecer eternos adolescentes, necessitamos de nos envolver com o outro para podermos crescer.

Crescer também é arriscar. Se estivermos dispostos a arriscar, podemos crescer e tirar o prazer de desfrutar de uma relação amorosa dinâmica e partilhada.

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Ciúme

Todos nós conhecemos ou vivemos histórias de ciúme pois não dizem respeito apenas às relações amorosas. O ciúme pode estar presente em qualquer tipo de relacionamento e a minha experiência como terapeuta prova isso mesmo.
Pedro, um exemplo comum, tem atualmente 33 anos e assume que lidou com o ciúme em quase todos os relacionamentos que teve. Para ele, o ciúme e uma experiência que remonta aos seus primeiros anos de escolaridade. Não só se mostra ciumento com a sua companheira atual, como com os seus amigos e colegas de trabalho. Faz o melhor que pode para esconder esta sua faceta, mas quando o ciúme ataca dá-se conta de que faz comentários e tem atitudes que invariavelmente vem a lamentar depois. Por vezes opta por se retirar e torna-se distante, como forma de tentar manter estes sentimentos extremamente dolorosos para si mesmo. O Pedro, quando me procura, sente-se profundamente frustrado, sem saber como proceder.

Ana e Vasco, outros exemplos, estão casados depois de cada um ter passado por divórcios relativamente calmos, que lhes permitiram a manutenção de um bom relacionamento com os ex-cônjuges. Vasco não teve filhos, mas Ana tem dois rapazes do casamento anterior. As queixas do casal relacionam-se com a incapacidade de Ana para lidar com o que considera serem os ciúmes do Vasco em relação aos dois miúdos. Nada tem a ver com o pai das crianças, mas com o tempo que a Ana dedica aos filhos. Ana começa a ver como única saída um novo divórcio e por isso consegue que Vasco valorize a questão e venham juntos à consulta.
Muitas vezes a procura de ajuda só acontece quando o parceiro se cansa da falta de confiança, dos infindáveis interrogatórios, dos gritos, das constantes acusações injustificadas e, por vezes, de uma intensa violência, psicológica ou mesmo física.
A iminência ou a concretização da perda faz muitas vezes com que o ciumento descubra da forma mais dolorosa que afinal nunca controlou nada, não evitou a perda, nem se mostrou insubstituível.

Onde começa o ciúme? Enquanto crianças todos começamos por acreditar que somos o centro do universo e que a nossa mãe é exclusivamente nossa. Podemos dizer que o primeiro ciúme que sentimos se refere ao momento em que tomamos consciência da existência do nosso pai, que passa a ter existência real e que, de alguma forma, nos “rouba” a nossa mãe.
Um outro momento importante que nos pode levar a sentir ciúmes tem a ver com o nascimento de um irmão mais novo. O amor e o colo, o carinho e atenção que até aí eram só nossos passam para este irmão mais novo e, muitas vezes, de uma forma muito intensa. Enquanto crescemos, quanto mais nos sentirmos seguros do amor dos nossos pais ou das figuras que os substituem e são igualmente importantes, mais nos sentimos imunes ao medo de uma futura perda, ainda que nem mesmo os pais mais atentos e dedicados nos possam proteger. Ou seja, é necessário ao nosso crescimento sabermos lidar com o sentimento de perda, não permitindo que a ausência do outro nos faça desaparecer ou sentir desvalorizados enquanto pessoas.
Não levamos muito tempo a perceber que o ciúme é um sentimento negativo mas, tal como as outras emoções que não podemos simplesmente eliminar, aprendemos a introjetar esse sentimento nefasto e a virá-lo contra nós próprios ou a virá-lo contra o objeto dos nossos sentimentos.

No primeiro caso o ciúme pode converter-se em auto-repulsa levando-nos a acreditar que não somos merecedores de amor ou, até, incapazes de obter o que desejamos da vida e, como tal, desistimos de tentar transformando-nos numa espécie de vítimas. Já o ciúme exteriorizado degenera com frequência em raiva. Interiorizamos os sentimentos maus e projetamo-los sobre a pessoa que julgamos ter roubado o nosso amor. E a raiva ciumenta pode destruir uma amizade, dar cabo de um amor e, em casos extremos, matar uma pessoa.

Afinal o que é o ciúme? O ciúme surge como um mecanismo inconsciente que procura controlar e reter o outro só para si. Tudo o que não se encontra dentro da relação simbiótica passa a representar uma ameaça para o parceiro que não suporta a ideia de ser abandonado.

No entanto, o ciúme é a expressão de uma emoção e, como tal, é normal senti-lo.
A habilidade reside em não nos deixarmos dominar por ele, tentando, pelo contrário, dominá-lo, controlando os comportamentos a ele associados para que não cause danos irreversíveis à pessoa e/ou ao relacionamento.
Está ligado a influências culturais, sociais e à história de vida de cada um.

O sentimento maior que motiva o ciúme é a desconfiança. Mas existem outras características de personalidade que estão presentes de forma mais ou menos vincada no ciumento. A necessidade de posse é um dos traços fortes do ciúme. Quem ama é capaz de dar espaço ao outro, de respeitar a sua individualidade não se sentindo ameaçado pela presença de terceiros. O medo de perder o ser amado para outra pessoa também pode ser devastador. Muitas vezes uma baixa auto-estima e falta de aceitação tal como somos, faz com que a pessoa se sinta diminuída e em constante perigo de ser trocada por outra mais interessante.

O egoísmo é uma das marcas mais gritantes de um ciúme doentio. Por oposição ao amor altruísta, estas pessoas são capazes de expressar sentimentos como “prefiro ver a minha mulher morta do que vê-la a viver com outro!”. Na realidade quando o ciúme nos toma nas suas garras, parece que o coração não nos cabe no peito, a respiração torna-se dolorosa enquanto lutamos para trazer um pouco de ar para os pulmões e as nossas emoções parecem oscilar entre uma raiva incontrolada e o pânico total. Este desequilíbrio no sistema nervoso faz aumentar o nível de adrenalina, interfere na dinâmica dos neurotransmissores e faz parecer que tudo desaba dentro do nosso corpo, rompendo-se o equilíbrio do bem-estar.

O ciúme hoje. Um dado interessante é o de que o ciúme parece estar cada vez mais presente nos relacionamentos actuais. No entanto não é uma doença contagiosa que se possa pegar através do contacto com os outros.
O estatuto do homem e da mulher tem vindo a alterar-se de forma muito intensa nas últimas décadas. Existem, especialmente para as mulheres, oportunidades de sucesso e realização profissional baseadas no seu próprio mérito. Ou seja, quer para a mulher como para o homem aumentaram as possibilidades de escolha. Hoje em dia as mulheres podem escolher ter uma relação, que condições esta deve ter para durar, se têm ou não filhos ou se investirem mais na carreira.

Mas se, por um lado, estas conquistas trouxeram mais-valias na relação homem/mulher, por outro também potenciaram a insegurança e o medo de perder o outro.
Atualmente são as pessoas que afirmam não conseguir lidar com a perda que mais facilmente se mostram ciumentas. Por oposição, aqueles que aceitam que existe sempre a possibilidade de perdermos aquilo que consideramos precioso e que sabem que tudo é efémero, que tendem a tirar melhor partido daquilo que vivem no presente: valorizam a relação, minoram as dificuldades, trabalham em equipa e aprendem com os outros.

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Lidar com a Doença Crónica

O diagnóstico de uma doença crónica obriga sempre a mudanças inevitáveis no estilo de vida do doente, de maneira a garantir não só a sobrevivência mas também a qualidade de vida. Independentemente da doença diagnosticada, este é sempre um momento de crise. Um desafio importante para o doente crónico é aderir a um tratamento que irá manter por toda a vida, o que para muitos vem reafirmar a sua condição de pessoa doente.

A família. A experiência do diagnóstico acaba inevitavelmente por ser partilhada pela família, pelos amigos e por todas as pessoas próximas do doente. Existe aqui uma dupla componente muito importante, pois os comportamentos adotados pelo paciente face à doença e as relações que estabelece a partir daí dependem da capacidade de adaptação da família às mudanças decorrentes do diagnóstico.

A doença tem estádios de evolução que influenciam as diferentes formas de lidar com ela: a fase aguda, a crónica e a terminal. A fase aguda é aquela que tem mais poder para mobilizar toda a família. Nestes momentos não é difícil encontrar diversos membros da família disponíveis como cuidadores. Já quando se estabelece a fase crónica, geralmente apenas um é designado para o efeito e é geralmente ele que acompanha o doente até à fase terminal.

As crises resultantes da convivência com uma doença crónica resultam muitas vezes da dificuldade que a família tem em adaptar-se ás mudanças naturais do ciclo de vida. Imaginemos uma situação em que um jovem adulto pronto a deixar a casa dos pais é inesperadamente diagnosticado com uma doença crónica. O momento do ciclo de vida desta família diz-lhe que está pronta para deixar o seu filho sair de casa e viver os dilemas do “ninho vazio”. Por sua vez, para este rapaz o momento ansiado de iniciar uma nova família fica comprometido.

Naturalmente, os pais procurarão cuidar do filho doente tal como cuidariam se ele fosse pequeno. O filho que se “treinou” para construir uma relação em que o controlo dos pais fosse cada vez menor pode ressentir-se desta atenção e cuidados, rebelando-se e adotando comportamentos que podem comprometer a sua saúde, tais como não fazer a medicação de forma adequada.

As famílias são, contudo, o recurso mais valioso para o entendimento e cuidado da doença crónica. Os médicos não tratam a doença, apenas recomendam tratamentos que devem depois ser seguidos pelo paciente e a sua família, de forma a mantê-lo equilibrado e com qualidade de vida. Os elementos da família e os profissionais de saúde precisam de estar atentos aos sintomas, à medicação e aos tratamentos em ambulatório e ainda providenciar suporte emocional. Acontece com frequência que estas tarefas recaem apenas sobre um membro da família, geralmente aquele que está mais próximo da doente.

O casal e a doença. Provavelmente acontecerá a todos os casais um dos cônjuges adoecer de forma crónica. O primeiro desafio que se coloca, para além do da doença, é lidar com os sentimentos que esta desperta. A cólera, a negação, a culpa, o medo, o desgosto e a preocupação com os filhos irão sobressair num momento em que, mais do que nunca, a atenção ao outro é necessária.

Quando os cuidadores são o marido ou a mulher, muitas vezes acontecem mudanças importantes na relação de casal. Por exemplo, as responsabilidades que antes pertenciam ao cônjuge doente passam a ser assumidas pelo cuidador. Tal pode envolver aprender novas competências num momento em que existe menos energia e disponibilidade mental. Muitas vezes sentimos que a inversão de papéis é frustrante e causadora de tensões numa relação já de si difícil. Existe também a perda de atividades que foram fonte de prazer, o que pode conduzir ao isolamento dos amigos ou a uma culpa muito intensa quando, ao satisfazer as necessidades de convívio, o cuidador sente que está a “trair” o doente.

Se a comunicação entre o casal se perde durante a doença, o relacionamento também se irá perder. A intimidade altera-se, o tema doença invade toda a vida do casal, mesmo enquanto pais, e ao deixar controlar-se por ela o casal corre o risco de estagnar o desenvolvimento da relação.

Outro problema que o casal enfrenta é a gestão das emoções e sentimentos decorrentes de necessidades emocionais não satisfeitas. A promoção do diálogo franco e aberto, sem mal entendidos e preconceitos, poderá ajudar a manter uma relação saudável.

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Dicas para manter uma relação saudável

  1.  Comece por aceitar que os homens e as mulheres são diferentes; compreender, aceitar essas diferenças pode ser muito divertido
  2. As relações bem sucedidas dão trabalho, não acontecem do nada, acontecem quando os casais correm o risco de partilhar o que lhes vai “alma”
  3. Todas as discussões são resultado do nosso estado interno. Quando o mal estar se instala observe o que se passa consigo antes de se zangar com o seu parceiro. Isto ajuda-nos a manter-nos focados naquilo que é realmente importante.
  4. Todos o dias são um bom dia para mostrar ao seu parceiro como ele é importante. Sentir-se querido(a) e respeitado(a) na relação torna-a muito mais agradável
  5. A raiva e o rancor são perdas de tempo. Se está chateado(a) com o se/sua parceiro(a), dê-se algum tempo para acalmar e depois, conversem sobre o que não está a funcionar para si
  6. Encontre uma forma de desenvolver/cimentar uma forte amizade. Se para alguns ser amigos pode ser pouco desafiante, outros casais referem que este é a base da confiança na relação.
  7. Seja o autor da sua felicidade. Ninguém mais pode fazê-lo(a) feliz, e se acha que o(a) seu(sua) parceiro(a) é o responsável, então precisa de olhar para a si e para a sua vida e perceber o que precisa mudar.
  8. Dê aquilo que quer receber! Se quer ser acarinhado tente dar carinho, ser compreendido, tente compreender.
  9. Só pode mudar-se a si mesmo(a). Se sente que a mudança é necessária coloque-a em cima da mesa e encarem-na como um desafio que faça sentido aos dois. E, se você mudar o outro não pode ficar na mesma!
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Renovar a intimidade no casal

Um  casal, formal ou não, existe se:

  1. Ambos se reconhecem como tal
  2. Tem a mesma noção acerca da finalidade da sua relação
  3. E fornecem feedback na relação.

Estes são elementos obrigatórios a verificar numa consulta e especialmente a verificar pelos elementos da relação.

Se estes elementos estão presentes então podemos admitir que existem intimidade, cumplicidade, amizade, entre outros elementos que facilitam e tornam interessante a relação.

A questão da intimidade é uma das mais complicadas, especialmente com o avançar da relação.

Se no inicio os gestos de carinho e de romantismo eram tão abundantes que não criavam problemas, com o passar do tempo e com as diferenças de disponibilidade para o sexo, começa-se a regatear os gestos de intimidade com medo que conduzam a uma relação sexual.

A intimidade é fundamental para alimentar uma relação.

Quando estiverem numa fila de cinema, á espera na fila do supermercado, caminhando na beira da praia, seria bom dar a mão, por um braço por cima do ombro, etc.

Quando um chega mais cansado a casa, uma subtil massagem nos ombros, um passar da mão pelo cabelo, etc. São  momentos que reforçam a intimidade e proximidade do casal e que não têm necessariamente um cariz sexual.

A questão da intimidade vem sempre a reboque das questões sexuais, mas nunca como a principal questão. Ora, do meu ponto de vista as prioridades estão erradas. É quando nos distraímos dos gestos que alimentam a intimidade que se torna mais difícil recuperar a disponibilidade para o sexo.

Homens e mulheres tem claramente concepções diferentes do que querem um do outro na construção dessa intimidade:

Uma mulher gosta de ouvir que é amada, e isso tem ainda mais força se ocorrer quando passeiam de mão dada. Naqueles dias em que parece impossível e tudo corre mal, gosta de sentir compreensão e ouvir que ainda assim é uma mulher fantástica; Gosta de conversar (as mulheres organizam o seu mundo através da conversa), sente-se valorizada , também,, quando o marido se interessa por aqueles assuntos de nada; Gosta de se sentir cuidada, e os gestos de intimidade são muitas vezes sinais de cuidado e carinho.

Mas os homens também tem a s suas necessidades. É importante sentirem-se admirados pelas suas capacidades; aceite o seu marido como ele é. Muitos zangam-se e não sem razão quando são alvos apetecidos das suas mulheres no sentido de se tornarem em algo que não são . Se há pouco falava na importância da conversa para as mulheres também agora é importante perceber que se o marido vem cansado está envolvido num projecto que o absorve, há que dosear a conversa.

A demonstração de afecto pode ser feita através do toque, da massagem, de um mensagem que é deixada no voicemail, de um beijo inesperado, etc.

Principalmente, divirtam-se em conjunto, não é preciso utilizar muito tempo nem planear umas férias á volta do mundo para o fazerem, divirtam-se, já souberam fazê-lo quando se namoraram quando o mundo que queriam descobrir era cada um de vocês, vale a pena investir de novo!

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Dicas para viverem em pleno o novo bébé

As crises conjugais durante os primeiros 2 anos, após o nascimento do primeiro filho, são muito frequentes. Contudo é possível acautelar a relação e evitar que o stress normal, decorrente das mudanças várias nos elementos do casal e na relação, transforme estes momentos de alegria em desilusão.

Antes do nascimento

  • Planeiem os dois com antecedência as tarefas que precisam de realizar com a chegada do bebé. Como cada um pode participar, o que precisa de aprender e quem precisaram de envolver para que tudo corra com o menor stress possível. Recordem-se que inteligente é mesmo saber pedir ajuda!
  • Envolver o futuro pai no processo de gestação é fundamental e muitas vezes desejado. Não só permite uma melhor compreensão das mudanças que ocorrem física e psicologicamente com a mulher como favorecem uma vinculação precoce com o bebé.
  • A gravidez, a parentalidade, o desafio de educar uma criança é uma desafio que assusta qualquer um. Partilhar dúvidas, dialogar, procurar soluções em conjunto através dos amigos,  parentes ou profissionais de saúde é saudável e aumenta o sentimento de cumplicidade e proximidade do casal.

 Agora que são pais:

  • Procurem manter programas a dois. Vai ser difícil, o tempo parece que não chega para nada, e aquela coisinha que lá está em casa encanta-nos de tal forma que não queremos deixá-la por um segundo, mas os jantares, os passeios a dois são muito necessários para continuar a investir na relação de casal.
  • A prática de exercício físico ou de qualquer outro hobbie a sós que vos permita “cuidar” da vossa “forma” mental é também fundamental. O espaço próprio continua a ser fundamental numa relação de casal e mais ainda quando surge uma criança que exige tudo de nós, em especial das mães, nos primeiros anos. Há que criar momentos em que pensemos em nós, cuidemos de nós, para depois pudermos partilhar em casal o bem-estar e a variedade de situações que nos animaram.
  • Partilhar tarefas com o pai faz muito bem ao casal, não vos sobrecarrega e aproxima o pai do filho. Há que saber delegar, confiar e retirar o conforto que daí advém. Também nós estamos a aprender a ser mães e tal como os pais precisamos de fazer para aprender.
Casamento

Casar com o Ex

Todos nós procuramos no nosso parceiro qualidades semelhantes às nossas, alguém que tenha interesses comuns e partilhe necessidades idênticas de independência, intimidade e poder. Uma vez feita essa escolha, iniciamos o namoro, um processo mais ou menos longo com características próprias – que tem como finalidade a construção de uma terceira identidade na relação resultante da passagem do “eu” para o “nós”.

Na fase inicial do namoro idealizamos planos, partilhamos sonhos e fazemos um esforço para ignorar as divergências e os aspectos menos positivos da pessoa que começamos a amar. E muitas vezes acalentamos a ideia de que, depois do casamento, a convivência e o amor irão transformar os aspectos menos positivos do outro.

Neste processo de transição do “eu” para o “nós” começamos também a aprender a delimitar fronteiras relativamente aos familiares e amigos, de tal forma que a construção da nova intimidade enquanto casal seja uma prioridade. Se o namoro corre bem, acabamos por nos decidir pelo casamento, ou seja, aceitamos que somos capazes de partilhar vinte e quatro horas do dia e comprometemo-nos a construir um casal, algo diferente da soma de duas pessoas.

Na vida de casal, como noutras coisas da nossa vida, podemos caracterizar períodos específicos que ocorrem com um certa periodicidade. Geralmente, os primeiros anos são aqueles em que o projeto que iniciámos com o namoro ainda nos faz muito sentido e, por isso, aceitamos bem a proximidade do outro, procurando partilhar tudo. No entanto, a nível individual trata-se de um período de conflitos e incertezas perante aquilo que julgamos ser a perda de alguma liberdade e o confronto com a necessidade de desviarmos os nossos interesses pessoais para outras áreas.

O nascimento do primeiro filho é um dos momentos de maior alegria, mas também de maior stress e tensão no casal. O aparecimento de um terceiro elemento tem consequências que podem abalar os alicerces de uma relação que ainda agora começou a ser desenvolvida.

Esta alteração obriga à redefinição de papéis. Deixamos de ser apenas marido e mulher para passarmos a ser pais.

A disponibilidade para nos conhecermos tem agora que ser partilhada com mais um elemento. Nesta fase gera-se igualmente um convite à reintrodução das famílias de origem e dos amigos que querem partilhar esta alegria, mas que simultaneamente são uma ameaça às fronteiras estabelecidas pelo e para o casal.

Ultrapassada esta fase, a vida de casal continua até os filhos ganharem autonomia face aos pais, fazendo antever a possibilidade de se encontrarem os dois novamente a sós. E este é outro momento de instabilidade. Se fomos capazes de alimentar a relação de casal para além das necessidades de criar os filhos, se fomos capazes de manter interesses comuns enquanto casal, então seremos capazes de reorganizar relacionamentos, regras de funcionamento e sentir o outro como o companheiro de sempre e não um estranho.

Alguns casais, no entanto, decidem interromper este processo, separando-se, para voltarem posteriormente a casar com o mesmo companheiro. Pode parecer estranho, mas, na verdade, muitos casais que querem experimentar coisas na vida juntos não o conseguem.

Há algum tempo conheci um casal que após um namoro de dois anos decidiu casar. Mantiveram-se casados durante três anos, ao fim dos quais se divorciaram. Nunca perderam o contacto, mas foram conhecendo e namorando outras pessoas. Ao fim de quatro anos decidiram voltar a casar e estão juntos há sete, têm dois filhos e um terceiro a caminho.

Para este casal, o casamento inicial não lhes permitiu gozar a sensação de autonomia que a capacidade financeira, a emancipação dos pais e a possibilidade de desenvolvimento de um projeto profissional possibilita. O casamento tornou-se numa coisa desinteressante, pautado por algumas discussões e convívio difícil. Com a separação, um e outro foram capazes de descobrir novos recursos dentro de si mesmos, coragem para desenvolver capacidades individuais e o prazer de gozar o sossego de um espaço que não tem que ser partilhado, uma solidão desejada que alterna com a vontade de sair com novas pessoas.

Durante este período de afastamento, cada um aprendeu a viver sem o outro, a construir projetos individuais, a sair de um relacionamento em que a fusão era tão intensa que não se sabia onde começava um e acabava o outro. Mas, com o tempo, as mágoas e ressentimentos foram-se suavizando e a comparação com os outros que foram conhecendo mostrou-lhes que a escolha inicial afinal tinha muitas qualidades.

Assim, alguns casais que pensavam ter esgotado as possibilidades começam a repensar a relação e a encarar a possibilidade de voltarem a sair juntos. Por vezes a paixão regressa e o medo de sofrer faz com que a reconciliação seja precedida de um cauteloso namoro em que aceitam sair juntos, renovar a sexualidade e, acima de tudo, conversar escutando o outro.

Não se trata de um conto de fadas.

A hesitação, o medo de repetir um erro e de ser novamente abandonado são reais. Mas a valorização das qualidades daqueles com quem partilhámos alguns anos e o sentimento de amor levam-nos a ultrapassar estes medos e a investir novamente no nosso companheiro, ainda que de forma diferente, aprendendo com o passado.

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Infidelidade e o mito da monogamia

A infidelidade tem ramificações importantes no estudo do comportamento humano. Do ponto de vista estritamente reprodutivo, a poligamia seria o ideal — mais exatamente a “poliginia”, ou seja, um homem para várias mulheres. Trata-se apenas de vantagens biológicas, na medida em que este tipo de comportamento aumenta a variabilidade genética, diminuindo a ocorrência de doenças geneticamente transmissíveis e tornando a humanidade mais adaptável a mudanças no ambiente.

Mas o Homem já evoluiu muito para além da mera biologia e hoje o comportamento é analisado como um todo, nomeadamente quando nos centramos na fidelidade nas relações amorosas. A ideia comum e vulgarmente aceite de que a monogamia é uma regra natural do casamento, ou de uma relação considerada não ocasional, é uma certeza que todos temos quando, durante a infância, adolescência e primeiros anos da vida adulta, imaginamos uma relação duradoura com alguém de quem gostamos. Aceitamos como uma certeza que o nosso casamento será monógamo. No entanto, a realidade é outra. Até há 20 anos quase todos os divórcios tinham como causa a infidelidade. Contudo, hoje em dia, a infidelidade não significa necessariamente o fim da relação.

Os motivos que levam a ter casos extraconjugais são mais complexos do que geralmente imaginamos. Quando existe uma satisfação plena dos cônjuges a nível sexual, as necessidades de cada um são valorizadas e atendidas, a monotonia consegue ser evitada, a cumplicidade, o respeito e o diálogo são uma constante. Muito provavelmente, este será um casal tendencialmente monógamo, pois existem diferentes formas de conceber a infidelidade consoante o género e as características de personalidade de cada um. É menos comum do que se imagina encontrar homens a viver casos extraconjugais que começaram simplesmente por não conseguir resistir a uma “tentação”, arrastando esse caso por anos ou décadas e formando verdadeiras famílias paralelas.

Com as mulheres as coisas passam-se de forma diferente. Geralmente precisam de um motivo forte para terem relações extraconjugais e a vingança de uma traição, o alcoolismo incurável ou a solidão no casamento aparecem no topo das razões que as levam a sucumbir mais facilmente ao amor romântico, imaginando que essa relação paralela irá suprir todas as carências do seu casamento. Quase sempre se apaixonam.

O senso comum mostra-nos facilmente como homens e mulheres são diferentes no campo da monogamia, independentemente da época a que nos reportamos. Os homens classificam com maior frequência as suas relações extraconjugais como pouco importantes, na medida em que o sexo prevalece e não se estabelece uma relação de proximidade e afecto.

Por sua vez, as mulheres referem que as suas infidelidades não são um problema, porque envolvem um estado de paixão e, como tal, não se trata de atos de hostilidade com o sentido de prejudicar o parceiro.

É muito claro que diferentes pessoas atribuem diferentes valores à fidelidade e infidelidade. Estas ideias não são verdades absolutas e daí não poderem ser a única forma de olhar para o fenómeno. Ser infiel no passado não determina um comportamento semelhante para sempre, com qualquer parceiro ou tipo de envolvimento. Mas há outros mitos.

Mito um: todas as pessoas são infiéis.

Trata-se de um comportamento natural e previsível. Dados estatísticos sobre a frequência da infidelidade, no entanto, mostram que cerca de metade das pessoas se envolvem em relações de infidelidade.

Tradicionalmente, este era um comportamento mais característico dos homens, mas atualmente-te as mulheres estão em situação de igualdade. A geração de mulheres mais novas tende a ser mais infiel do que as gerações anteriores. Muitas razões podem ser apontadas para esta mudança de comportamento, mas a ascensão económica e social, com a consequente autonomia financeira e pessoal, permite-lhes fazer escolhas que não as prendem ao medo de perder o casamento.

No entanto, a fidelidade conjugal continua a ser a norma, na medida em que a maior parte dos parceiros é fiel.

Mito dois: a infidelidade faz bem ao casal.

Não totalmente. Um affair pode fazer reviver um casamento monótono — aliás, este é um relato comum de muitos casais que me procuram após terem conhecimento de uma relação extraconjugal. Esta ideia parece assentar na convicção de que um casamento é forçosamente uma situação monótona, indutora de desinteresse e frágil. Se uma situação de crise, como uma relação extraconjugal, pode ajudar o casal a rever a sua relação, resolvendo problemas antigos e enquistados, a infidelidade pode ser a crise mais perigosa, pois atinge os parceiros naquilo que é mais difícil, mas não impossível, que é reconquistar a relação de confiança.

Mito três: quem é infiel não ama o parceiro.

As razões para o aparecimento de uma terceira pessoa na relação são variadas. A maioria relaciona-se diretamente com a satisfação de autoestima do que com as consequências diretas do estilo de relação no casamento. Não é invulgar a descrição de uma relação estável e gratificante no casamento (mesmo a nível sexual) e, ainda assim, o elemento infiel afirmar que, por natureza, precisava de outra pessoa para equilibrar a sua maneira de ser.

Mito quatro: o novo companheiro é mais sexy.

Sim e não! Depende do que o parceiro infiel procura na relação extraconjugal e do estilo de pessoa que é. Este mito decorre de uma realidade que existe e que é influenciada pelos valores transmitidos, por exemplo, pela publicidade, pelas novelas, etc. Mas também é verdade que o homem procura desde sempre a eterna juventude e, não podendo consegui-la para si, fá-lo através do contacto com quem a tem.

Por outro lado, a possibilidade de conseguir através do parceiro da relação de infidelidade algo que levaria muito anos a conquistar por si próprio (poder, prestigio social, segurança económica), faz com que a pessoa eleita seja mais velha. No que respeita ao sexo, muitas vezes o parceiro infiel reconhece que a relação sexual é globalmente mais gratificante em casa. A razão está muitas vezes relacionada com algo que só se consegue estabelecer numa relação de longo prazo.

Mito cinco: a culpa da infidelidade é do outro.

A crença verbalizada de que foi o marido ou a mulher que empurraram o companheiro para a situação de infidelidade é geralmente aceite pelos dois. Se a situação parece duplamente absurda, pois ninguém obriga o outro a fazer aquilo que não quer, a verdade é que nela reside a ideia de que o casamento “terminou” no dia em que decidiram casar. Ou seja, a partir do momento em que dão o nó, ambos os elementos do casal não acham necessária criatividade nem conquista entre os dois. Vêm na sua relação um processo que tem como objetivo a manutenção de uma situação descrita pela palavra “casamento”.

Mito seis: esconder a verdade evita a crise.

Não é uma forma eficaz de lidar com a situação. No entanto, o momento de partilhar a informação de uma relação extraconjugal não deve decorrer de forma precipitada. Esconder a verdade produz uma enorme sensação de destruição. A incapacidade de partilhar informação pode provocar sentimentos altamente destrutivos relacionados com a culpa e a desconfiança e conduzir a comportamentos ainda mais negativos para lidar com a situação. Quando confrontados com uma relação extraconjugal, a abordagem da situação deve ser marcada pela tentativa de compreensão e não culpabilização do contexto.

Assim, antes de confrontar o outro, devemos trabalhar os nossos sentimentos, tentando ganhar força para lidar com o que possa resultar. A ajuda de um profissional, como um terapeuta familiar, pode ser útil para levar a tarefa a “bom porto”.

Mito sete: a única saída é o divórcio.

Não necessariamente. Ultrapassar a situação da infidelidade relaciona-se com o tipo de personalidade de quem está envolvido. Geralmente, um casal em terapia não se divorcia em consequência direta da relação extraconjugal. Se o divórcio acontece, muitas vezes é porque aceitar falar da crise remete o casal para problemas preexistentes que constituem a verdadeira razão para a separação.